CarlWeiss

 
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Máquina de Sexo do Tatuapé

Josiane, a Jô, era uma máquina de fazer sexo.
Sabem mulher-raimunda, feia de cara, boa de bunda?
Ela era mais ou menos assim: no máximo bonitinha, mas o traseiro!
O traseiro apenas, não.
Tinha seios esculturais, um umbiguinho comovente, coxas deslumbrantes, uma boca inesquecível e uma língua mágica, de chupadora...
Se faltavam adjetivos, sobravam machos para utilizá-los em sua descrição, todos encantados por sua inventividade, seu entusiasmo no fuzuê.
Jamais vendera seu lindo corpo a nenhum deles, embora não se avexasse de aceitar presentes ou empréstimos (que em geral esquecia de pagar) de seus lanchinhos – como chamava, para si própria, os muitos caras que comia.
Jô trabalhava como cabeleireira em um dos mais concorridos salões do Tatuapé.
O atendimento não era lá essas coisas; o que atraía freguesas, que nem moscas na merda (vá lá, no mel...) era o relato das aventuras da máquina de fuder.
A cliente mal entrava e já ia perguntando, os olhos brilhantes, a calcinha começando a molhar de excitação:
- E aí, Jô?
Trepou muito neste fim de semana?
Conte tudo, com todos os detalhes!
- Claro que trepei, amiga!
Xota foi feita pra isso.
E meus machos gostam tanto!
Quase tanto quanto eu.
E ela contava.
Em voz alta, para uma plateia fascinada.
Em suas histórias, todas as mulheres eram chamadas de vadias e os homens, de cornos.
O que dificultava o acompanhamento da trama quando descrevia sua última suruba, com porradas de cornos enfiando seus cacetes em porradas de vadias, incluindo nela.
Naquela segunda-feira, ela descreveu duas trepadas, uma quase convencional (almost, but not quite), no sábado, e outra, no domingo, um tantinho mais selvagem.
- ... e não é que o corno conseguia mijar de pau duro?
Mijou dentro de mim!
Levei um susto mas depois até que gostei, era quentinho...
E aí pediu pra eu derramar a urina em sua boca.
Obedeci, e mijei também, ele recebeu mais do que entregou, hê, hê, hê!

Esse era um dos poucos aspectos negativos de Jô.
Seu riso não era muito atraente, soava como um motor engripado.
O outro episódio, muito mais sacaninha, era sobre uma sessão de sexo domingo à tarde.
O cara, um homem de 60 anos, suplicou para que ela deixasse o cachorro dele participar.

- Disse que não, que nunca tinha feito isso, mas no fim topei.
Nunca digo “essa água não beberei” ou “essa porra não engolirei”, hê, hê, hê.

Os detalhes da parada de zoofilia extasiavam as clientes.
Algumas já se tocavam, indiferentes a quem percebesse.

- ... o cachorro era um mineteiro de primeira, me fez gozar duas vezes com a língua áspera.
O imbecil do corno ficou com ciúmes dele, lá pelas tantas levou o rival para o canil.

Mas castiguei, só me comeu depois de desfilar uma meia hora, de quatro e latindo, pela casa toda, hê, hê, hê!

Depois que as clientes foram embora, deixando caixinhas mais que generosas para Jô - que ela aceitou sem protestar, achava mais que merecido, pelas histórias que contava, pela excitação que levava à vidinha modorrenta daquelas mulheres -, a sex machine avisou a patroa que iria dormir no salão.
Ela deu um sorriso cúmplice para a funcionária e respondeu.
- Claro, nem precisa avisar.
Amanhã me conta tudo.
Em primeira mão!
Jô tomou um bom banho, lavou bem as partes baixas, aplicou perfume no pescoço, entre os seios, abaixo do umbigo, colocou um vestido bem leve e esperou.
Às 22 horas chegou o corno-que-só-gostava-de-ver.
Jô deu-lhe um selinho, levou-o para a parte de cima da loja, escondeu-o atrás de umas caixas, ordenou que ficasse bem quieto, para não atrapalhar a ação na parte de baixo.
Antes de descer, tocou uma punhetinha rápida pro voyeur – “afinal, é disso que esse corno gosta”.
Pouco antes das 23 horas, chegou o corno-da-meteção.
A coisa pegou fogo.
Ele chupou seus seios até ficarem muito doloridos, lambeu-a com maestria (quase tão bem quanto o cachorro do domingo, ela pensou), enfiou-lhe o cacete com força.
Para terminar, enrabou-lhe o furico, que ninguém é de ferro.
Depois que os dois lanchinhos foram embora, ela bocejou.
Estava muito cansada, mas satisfeita.
Dera prazer a dois machos, em uma espécie de ménage virtual.
E gozara adoidado.- Hora de recarregar as baterias – disse a si mesma.
Pegou um vibrador, ligou-o na tomada e enfiou o tarugaço na xota.
Depois fechou os olhos, desligou-se do mundo e apagou.
Não dormiu, máquinas não dormem.